domingo, 8 de abril de 2012

Pânico Moral

Outro dia acordei pensando sobre o tão polêmico fim do mundo. Até porque de uns tempos pra cá só se falam nisso né? Incrível. Mesmo que não seja um tema que me cause espanto, por saber que parte desse repertório de ‘pânico moral’ é puro sensacionalismo da mídia, pensar no resultado que certas informações manipuladas geram sobre a opinião pública é bem desesperador, pra não dizer ridículo. Será que só eu enxergo isso? Santa Era da alienação!
Lembro como se fosse hoje, quando vovó me deu de presente um escapulário, na passagem do ano de 1999 para 2000, para que eu estivesse protegido quando o fim do mundo chegasse. Se não bastasse isso, tia Lurdes se mudou para o Alto Paraíso, quando viu no jornal que lá o mundo não acabaria; vários de meus familiares se endividaram até as tampas por achar que o ultimo ano de suas vidas seria aquele. Eu achava aquilo tudo muito engraçado, pois todos fizeram suas apostas a cerca do tal final apocalíptico, e no fim das contas, nada aconteceu. Ponteiros se encontraram e mais um ano começava. Todos prontos para se submeterem a novas alegorias e profecias sustentadas pela mídia,louca para te controlar e fazer com que acredite naquilo que querem que você acredite. Uma espécie de lavagem cerebral eu diria.
E atenção, atenção, a nova data para o fim do mundo agora é 21 de dezembro de 2012, façam logo suas apostas e viva intensamente o ‘carpe diem’ capitalista. É isso que esperam de nós. Todo esse jogo de falsas verdades e de sensacionalismo é o motor para controlar a sociedade pelo medo. Medo de sair na rua, por conta da violência noticiada de forma exacerbada, medo de comer certos alimentos, por conta dos agrotóxicos e conservantes, medo do aquecimento global, esgotamento da água, posso dizer que até o medo de pensar já entra nessa lista. O engraçado é que todas essas inseguranças e incertezas são alimentadas pelos paradoxos construídos pela própria mídia. Hoje leio na revista ”Não tome café, causa gastrite e insônia”, dias depois sai no jornal: “Aposte no café, é um santo remédio pra memória’’. Afinal, o que pensam que somos? Isso me obriga a dizer que estamos vivendo numa espécie de coronelismo novamente, só que implícito, a mídia solta uma coisa hoje, e amanha já é tido como verdade pela massa social, que teme ser atingida de alguma maneira se não redefinir seus hábitos. É uma prisão invisível, que talvez não a vemos, pois fomos condicionados para não vê-la. Um tanto quanto imediatista essas medidas né? E é esse o objetivo, testar de maneira súbita até onde conseguem obter mudanças por meio de um pânico coletivo. Até onde eu não sei, mas enquanto ainda formos alienados por qualquer noticiazinha que soltam por ai, estaremos alimentando esse fenômeno alarmista do pânico moral. “Pense o pior e torne-se profeta”, é mais ou menos assim.

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